Os primeiros vinte anos da vida de Clementina Fernandes são passados em Xangai. Clementina foi educada entre a preservação da sua identidade macaense e a necessidade de se adaptar à sociedade plurinacional das concessões estrangeiras. Uma educação onde eram bem vincados os valores da tolerância e do respeito pelos princípios que devem orientar o carácter de cada um.
Clementina reuniu ao longo da sua vida muitas amizades, coleccionadas desde a sua mais tenra juventude e testemunhadas em pequenos livros de autógrafos que nos deixou, em que se registam as assinaturas de jovens russas, americanas e chinesas.
A jovem Clementina Fernandes, de baixa estatura, pouco ultrapassando o metro e meio, de pele “trigueira”, olhos castanhos e cabelo preto, tal como é descrita no passaporte, começou a preparar a sua saída de Xangai em Maio de 1949
A viagem a Macau e, alguns anos depois, a Portugal representam uma dupla migração no espaço e no tempo: uma deslocação para outros territórios em busca de “refúgio” e uma viagem aos territórios da origem histórico-cultural da comunidade macaense.