A 7.a Reunião Geral do Comité do Programa Memória do Mundo da UNESCO para a Ásia-Pacífico (MOWCAP) teve lugar em Hue, no Vietname. A candidatura conjunta do Arquivo de Macau e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Portugal, da Colecção denominada “Chapas Sínicas” (Registos Oficiais de Macau durante a Dinastia Qing (1693-1886), foi recomendada pelo MOWCAP, formado por especialistas na área, e aprovada por unanimidade pelos membros dos países listados no registo do MOWCAP.

As “Chapas Sínicas” compreendem mais de 3,600 documentos, incluindo mais de 1,500 ofícios escritos em língua chinesa, 5 livros de cópias traduzidos para português das cartas mantidas pelo Leal Senado de Macau e 4 volumes de documentos diversos. A Colecção das “Chapas Sínicas” é constituída por documentos oficiais e não-oficiais datados a partir de meados do século XVIII até meados do século XIX. A maior parte da Colecção é composta por correspondência oficial trocada entre os subprefeitos de Macau, magistrados de Xiangshan e outros funcionários chineses e os Procuradores do Leal Senado de Macau durante o exercício da soberania chinesa sobre o território de Macau. Parte dos arquivos reflecte a soberania jurisdicional e territorial da China sobre Macau e os termos e limitações que foram estabelecidas para o controlo da Administração Portuguesa de Macau; contando ainda com relatórios e petições apresentadas pelas autoridades portuguesas de Macau e as respostas recebidas das autoridades chinesas de Guangdong. Além disso há documentos como contas, cartas, actos, contratos, que estão associados às condições sociais, vida quotidiana, desenvolvimento urbano, produção industrial e agrícola e comércio, entre outros.

Esta Colecção comporta também a correspondência oficial entre as autoridades chinesas e portuguesas sob as circunstâncias especiais da coabitação em que Macau foi alugada a Portugal. Este acervo está intimamente associado ao Fundo do Leal Senado (Leal Senado), preservado no Arquivo de Macau, e que contém informações de primeira mão de grande valor para o estudo da história de Macau e da região, assim como das relações entre o Ocidente e o Oriente. A colecção foi levada para Portugal no século XIX e mais tarde transferida para a custódia do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT).

Em 2015, foi celebrado um Memorando de Entendimento entre o Instituto Cultural da RAEM e a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) do Governo de Portugal, no domínio dos arquivos. Este Memorando facilitou a elaboração do processo de candidatura da Colecção das “Chapas Sínicas” no Registo da Memória do Mundo da UNESCO conjunta entre o Arquivo de Macau e o Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Este contempla ainda a promoção, colaboração e cooperação no sentido de digitalizar, restaurar e divulgar a respectiva Colecção, dado o seu valor e importância histórica. Estes desideratos, que servem para chamar mais a atenção sobre a rica importância cultural dos arquivos e documentação de Macau, estão em sintonia com os objectivos propostos pelo governo da RAEM, de transformar Macau numa “Cidade de Cultura” e de incentivar o intercâmbio entre a China e Portugal. Recentemente, a o trabalho de candidatura pelos dois Arquivos de Macau e Portugal para a inscrição das “Chapas Sínicas” no Registo da Memória do Mundo a nível internacional já foi concluído. O mesmo resultado será anunciado em 2017.

A Reunião Geral do MOWCAP é um evento bienal, que proporciona uma plataforma de intercâmbio para os países membros relatarem o seu trabalho e discutirem sobre a preservação do património documental, bem como definir a política do seu desenvolvimento. Na 7.a Reunião Geral do MOWCAP, cerca de 14 nomeações de 10 países foram recentemente inscritas no Registo da Memória do Mundo para a Ásia-Pacífico da UNESCO. A China foi contemplada com 3 inscrições: “Arquivos e manuscritos do Tempo Kong Tac Lam de Macau (1645-1980)”; “Arquivos da Família de Confúcio nas Dinastias Ming e Qing”; “Arquivos de Amostras de Seda de Suzhou dos Tempos Modernos e Contemporâneos”.